19 April 2007

Susana Anágua


Gosto muito do trabalho da Susana Anágua. Tem qualquer coisa de surpreendente, de inesperado, de sublime, até. Um sensação que se repete em cada exposição. Ela faz essencialmente vídeos em unidades fabris, de cimento e outros materiais. E dentro dos armazéns, dos grandes átrios, ou mesmo junto às máquinas consegue captar uma beleza pura - porque não manipulada - e constante - porque regulada pela monotonia dos aparelhos. A certa altura do terceiro filme do Matrix, um dos senadores pergunta a Neo por que razão luta contra as máquinas quando sem elas a vida, naquele enésimo andar subterrâneo, seria impossível. E exemplificava a sua teoria apontando para as condutas de ar e as cisternas que tornavam a vida possível. É essa contradição que a obra de Susana Anágua me suscita. Como é que algo aparentemente tão inumano consegue tocar-nos fundo? Como é que uma estética gerada por si própria consegue pôr em causa teorias construídas ao correr de séculos de arte à escala humana? Tudo isto (acho eu) pode ser comprovado na mostra que se inagura depois de amanhã, sábado, 21, na Galeria Presença, no Porto. Chama-se Natureza Mecânica, Episódio 2: A Desorientação.

2 comments:

JPC said...

Afinal isto mexe... :) Serei assíduo. Abraço.

Luís Ricardo Duarte said...

Espero que sim, porque também tenho provado umas colheradas do teu Pudim Royal.
Um abraço,
RD