12 April 2007

Para continuar a conversa (5 + 5 - 5 = ?)

Num artigo recente, publicado no Expresso, Paulo Querido inventariou Cinco razões para um jornalista ter um blogue, seguidas de outras cinco a reforçar a ideia e outras tantas a contrariá-la.

A certa altura escreve:

1) Melhora a escrita
2) Atrai e envolve o público
3) Oferece um melhor entendimento do mundo digital
4) Ajuda a desenvolver alguns conhecimentos técnicos
5) É divertido


Depois, acrescenta:

1) Ajuda a mantermo-nos a par dos assuntos que se desenrolam gradualmente
2) Traz à atenção (através de comentários dos leitores, de referências cruzadas ou simplesmente da procura de algo sobre que escrever) assuntos que passariam despercebidos
3) Ter um blogue permite-nos conhecer outras pessoas e permite que elas nos conheçam. É mais fácil abordar alguém que pode ser uma fonte quando esta pessoa segue aquilo que escrevemos - mesmo que nunca tenha havido um contacto directo
4 ) Permite um registo diferente do da escrita profissional
5) Ensina a comunicar eficazmente na Web»


E um pouco contrariado, remata:

1) É monótono. Podemos escrever o mesmo post seis vezes por ano que ninguém repara. Nem nós
2) É um desperdício de energia. A maioria dos leitores não vai perceber nada porque lê apressadamente e de qualquer maneira já sabe tudo pois leu qualquer coisa sobre o assunto algures um dia destes, na semana passada ou foi há quinze dias?
3) Quando escrevemos que isto é azul, vai aparecer um leitor aos berros provando que é amarelo. É muito desagradável. Para as cores, claro
4) É irritante. Uma pessoa esfalfa-se a escrever um post super-bem, duas horas de pesquisa e três a dar ao dedo, sobre, digamos, as culturas hidropónicas em Marte, e aparecem vinte leitores de rajada na caixa de comentários a discutir animadamente a cor dos suspensórios que fulano teria levado à televisão se por acaso lá tivesse ido. Deveras irritante, experimente o caro leitor também
5) Havia uma quinta razão, bem sei, mas não estou agora a ver qual era...


A discussão é das antigas. Tem, provavelmente, a idade do Homem. Porquê junto ao mar? Porquê nas cavernas? Porquê a roda? Porquê lembrar os feitos de Tróia se estivemos lá? Porquê pintar as paredes? Porquê a ciência, a técnica, a poesia, o amor?

Cada um terá as suas respostas. As dos que me antecederam estão aí, à nossa volta, para o bem e para o mal, a condicionarem o presente. Procuro as minhas, dia-a-dia, sem grandes intenções, sem muitas certezas. Errando, seguramente. Acertando, às vezes. A queda, a haver, será porventura grande. Como a de Ícaro.

1 comment:

Luís Ricardo Duarte said...

A minha camarada enviou-me este comentário:

Não vai haver queda camarada. E a haver, cá estaremos para a tornar menos dolorosa. As cinco razões (x5 x5) não me convencem... Os blogs não são decididamente a minha praia. Prefiro os jornais :)
FCR