15 April 2007

O Caimão, de Nanni Moretti



A lotação estava esgotada. No Saldanha e no King. Não é todos os dias que se pode ver ao vivo um dos mais carismáticos e divertidos (nem sempre, claro) realizadores da actualidade. E não foi preciso esperar muito para se perceber por que razão goza Nanni Moretti desse estatuto. Bastou um sorriso, a sua pronúncia e os comentários jocosos.

O mesmo se pode dizer em relação ao seu último filme, O Caimão, uma pérola da trágico-comédia. Por detrás de uma história banal, a crise de um produtor de série B e a estreia cinematográfica de uma jovem realizadora, desvelam-se as peripécias da história recente italiana. Nos primeiros sessenta minutos a montagem é verdadeiramente genial. Num ritmo frenético, sucedem-se e entrecruzam-se sequências dos filmes do produtor, das histórias que ele conta aos filhos e do guião que a realizadora (a muito bonita Jasmine Trinca) lhe propôs. No meio disto tudo descobre-se um casamento em vias extinção, uma Itália tomada de assalto por um charlatão de óbvias intenções (Berlusconi, para que não haja dúvidas) e um filme que nunca sentirá a luz vibrante do grande ecrã.

Ao enredo e à realização, junta-se um elenco de luxo. Escolhido a dedo. Do produtor (um Silvio Orlando expressivo) ao protagonista do filme-em-curso (um extraordinário Michele Placido, da série Polvo, lembram-se?). O Caimão será, seguramente, um dos melhores filme de 2007.

Site oficial aqui.

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