16 May 2007

Lisboa: cidade perdida


Ou muito me engano, ou as eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa podem desembocar num autêntico «pântano político», para usar uma frase conhecida. O resultado parece-me imprevisível. Ninguém, na verdade, estava preparado para este sufrágio. Esperemos pelas propostas, mas por enquanto o cenário é mau.
Para o PS, mais do que uma eleição, trata-se de um referendo ao Governo. A escolha de António Costa assim o indica.
Para o PSD, cuja voz mal se consegue ouvir, é um teste, provavelmente fatal, à liderança de Marques Mendes. E a escolha atribulada de Fernando Negrão é um prenúncio.
O CDS está numa bela alhada. A apresentação tardia de um candidato mostra o pânico que deve estar a bater à Porta, passe o trocadilho, do Largo do Caldas. Não deixa de ser engraçado que, após a apressada eleição do Paulinho das Feiras, o partido esteja à beira do segundo desaire: primeiro na Madeira (em que passou a ser a quarta força política) e agora em Lisboa.
O Bloco de Esquerda tem em Lisboa um momento decisivo. Também este escrutínio será um referendo ao estilo de vereação impresso por José Sá Fernandes.
Nestas contas talvez só o PCP esteja mais desafogado. Partido essencialmente autárquico, pelo menos ao nível de resultados e de expressão política, os comunistas têm obra feita e experiência acumulada. Ruben de Carvalho não entusiasma novos eleitores, mas também não desilude os militantes e simpatizantes.
Carmona Rodrigues e Helena Roseta jogam as suas últimas cartadas políticas. Com uma derrota, perdem para sempre a popularidade política de que gozam actualmente. Com uma vitória, acentuam a desconfiança em relação aos partidos políticos.
Mas quem ficará seguramente a perder é Lisboa. Nos próximos dois anos pouco se fará pela cidade. A capital estará em suspenso, a tratar de problemas financeiro, até que as eleições autárquicas de 2009 estabeleçam definitivamente a regularidade camarária.
O Tejo e as colinas mereciam melhor sorte.

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