09 May 2007

The Fountain, de Darren Aronofsky



Foi discreta a passagem de The Fountain, a última longa-metragem de Darren Aronofsky, pelas salas portuguesas, depois de ter recebido honras de fecho no Fantasporto. Mas a verdade é que o filme desilude, sobretudo quando visto na sequência do estimulante Pi (1998) e do inesquecível Requiem for a Dream (2000). Faltam as imagens de marca da sua realização, o ritmo inebriante da história e aquele universo pessoal e reconhecível oferecido nas fitas anteriores. Resta-nos a sobreposição engenhosa de três registos, três versões da mesma história em três épocas diferentes: num presente dominado pela ciência, num passado regulado pela fé e num tempo suspenso de vida baseado na esperança. Esperemos pelos já anunciados Black Swan, em 2008, e The Fighter, em 2009.

2 comments:

Unknown said...

«... pegando numa saca vazia, a lançou pela cabeça de molde a dar-se um ar claustral. Isto feito, deslocou-se até ao fundo do celeiro, metendo-se bem no meio das sombras pardas que o povoavam. Foi desse negrume que emergiu o som que ele começou fazendo a imitar um tanger de badalo conventual. É de acrescentar que a difícil imitação sonora estava longe de ser má.
Ao som do badalo, ele começou a caminhar em passo lento, curvado para a frente, balançando alternadamente os braços que pendiam, para a frente e para trás, para a frente e para trás.» (Nuno Bragança in Estação)

Filipe Pedro said...

Desilude? O filme é um belíssimo poema. Raras vezes o amor foi tão bem retratado no cinema como neste drama que atravessa quase mil anos de história. Para mais com excelentes interpretações e fotografia, uma realização atenta aos detalhes e efeitos especiais usados com peso e medida.