14 March 2008

Glorioso cardume


Não há crise que desanime a mancha benfiquista. Mesmo quando os resultados estão fracos, o treinador desmotivado, a equipa destroçada e o presidente à procura de melhor rumo. É que, dizem e sente-se, isto de ser benfiquista é forte, maior do que a alma. E, ontem, ia o concerto do Patrick Watson a meio, quando o músico canadiano pediu sugestões para intitular a improvisação que se seguia. Como a noite esteve fria, o público levou tempo a reagir. Made in Lisbon, disse alguém, sem entusiasmar o músico - todos sabemos como se fazem estas improvisações. You'll come back, propôs outra pessoa, para desânimo total. Até que, lá do fundo, com a voz colocada, os pulmões cheios, alguém gritou: «Viva o Benfica!».
A gargalhada, é fácil de imaginar, foi torrencial. Imensa, como a chama do glorioso. Rimo-nos todos, menos o Patrick, que ainda estava a tentar perceber onde é que tinha tido piada. E a noite acabou assim, entre a desilusão e o sentido de oportunidade. Até porque, minutos antes, valeu a pena ver o Watson, acompanhado pelos seus músicos, a sair do palco, passar pelas doutorais da aula magna, entrar pela plateia, subir para as divisórias e cantar, meio à capella, meio unplugged, Me, The Fish & The Sea. Um isco utilizado em muitos concertos, mas que colhe sempre os seus frutos. E a audiência, feita cardume, seguiu-lhe os acordes, entoados naquela voz, como ela me dizia, saída de uma máquina de lavar roupa. A lembrar as t-shirts que melhoram depois de debotadas. Como o equipamento rosa do Benfica.

1 comment:

anita said...
This comment has been removed by the author.